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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Caso Igor Félix: Família acredita que ele foi torturado até a morte

Escrito por: Pedro Souza
                           
Cantor jacobinense Igor Félix: morte em Irecê
O cantor de forró da "Banda dos Vaqueiros", Igor Félix, de 19 anos, foi morto a tiros durante uma abordagem policial na cidade de Irecê, no centro-norte baiano, depois de ter roubado um carro e reagido com tiros à voz de prisão, segundo a versão da polícia. 
O caso ocorreu na madrugada de domingo (6) e ele foi sepultado nesta segunda-feira (7). 
A família, porém, garante que não há marcas de tiros no corpo do rapaz e acredita que ele tenha sido torturado. 
O G1 não conseguiu contato com a delegacia e com o coordenador do Departamento de Polícia Técnica da cidade. 
Segundo o 7º Batalhão de Polícia Militar de Irecê, a abordagem foi realizada às 0h05, por policiais da Companhia de Emprego Tático Operacional (Ceto), com o apoio das guarnições da 1ª, 2ª e 4ª Companhias de Polícia Militar. 
A perseguição teria começado depois da central de rádio da PM enviar informação de que um veículo pertencente a um senhor havia sido roubado perto de um espaço evangélico, no bairro de São José. 
Ao chegar ao local, a equipe da Ceto foi informada de que o suspeito fugiu por estrada vicinal, que dá acesso ao município de João Dourado, relata a polícia. 
Já perto de um outro povoado, um cidadão informou, via 190, a localização do suspeito e do veículo. Foi quando a guarnição da PM se deparou com o suspeito. 
Ainda de acordo com a polícia, ao avistar a viatura, ele realizou sem sucesso uma manobra de 180º com o veículo, conhecida como "cavalo de pau", e bateu em um telefone público. 
Ao descer do carro, o suspeito teria trocado tiros com a polícia, sendo atingido por disparos e encaminhado ao hospital de João Dourado. 
Versão da família 
A mãe do cantor, Maria Rosa Gomes, não acredita que ele tenha reagido à abordagem da polícia. 
"Até acredito no que dizem, mas não que meu filho trocou tiros com eles e que eles atiraram nele, porque não tinha nenhuma marca de bala. Ele foi torturado! O pescoço estava quebrado, o crânio machucado e o abdômen preto, cor de carvão, e tinha um corte na bochecha com marca de coturno", disse a mãe da vítima. 
Antes do crime acontecer, o cantor teria ido visitar o primo, que viajaria no dia seguinte para o Mato Grosso. 
De acordo com a mãe do cantor, o primo teria reparado que ele estava triste, porém, sempre que perguntado, o rapaz afirmava que estava tudo bem. 
"Ele foi visitar o primo em Irecê, que iria viajar no dia seguinte para Mato Grosso. Chegou lá na casa muito triste. O primo dele disse 'Levante a cabeça, que tristeza é essa?' e ele respondeu 'Não é nada não, primo, tá tudo bem comigo'", informou a mãe. 
Na tentativa de animar o rapaz, os dois foram a um aniversário na noite de domingo. Segundo a mãe do suspeito, o primo resolveu voltar mais cedo, pois viajaria no dia seguinte, mas o jovem se recusou a acompanhá-lo. 
Do aniversáro, de acordo com a mãe, o suspeito se dirigiu a um casamento evangélico, quando de lá teria cometido o crime. Ainda de acordo com a mãe do cantor, ele não era envolvido com drogas, nem mesmo com o crime, e não tinha motivos aparentes para ter roubado o carro. 
"Ele não precisava fazer isso. Nós temos carro, moto, casa própria e comércio. Ele deve ter tido algum distúrbio, só pode! Ele estudava, cantava e ganha o dinheiro dele. Eu, como mãe, sinto por dentro que fizeram isso e, agora, vou tomar minhas providências", afirmou. 
O cantor faria 20 anos em outubro e deixou a mulher de 20 anos e o filho de oito meses. O corpo do cantor foi sepultado às 10h da segunda-feira, 7, no cemitério da cidade, e contou com a presença e amigos e familiares. G1
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